
Já dizia o ditado popular entre os populares: "Quem não é visto não é lembrado."
Até hoje eu me assusto quando alguém que não fala comigo me chama vez ou outra pelo nome. "Ele(a) me conhece?!" - penso logo.
Não sou popular (Jura?!), mas diferente de muitas pessoas e igual a outras tantas : nem pretendo ser.
As vezes penso porém sobre minha situação, à margem do esquecimento... Morei anos numa cidade de 2.000 e poucos habitantes e só conheço meia duzia delas (meus parentes na maioria), como isso pode ser???
Vejo minha página de amigos no site de relacionamentos e não encontro mais que 3 pessoas a quem eu possa enviar uma mensagem e admito...morro de inveja do meu namorado que é o oposto de mim, cheio de amizades, de pessoas conhecidas, de contatos...
A poucos dias morreu um senhor nesta pequena cidade onde eu nasci, morreu em casa e só foi encontrado após 3 dias, além do choque pela situação em que foi encontrado fiquei refletindo sobre essa forma de vida e só me vem a cabeça esse termo: à margem do esquecimento.
Muitas pessoas têm medo de acabarem sozinhas na velhice...embora eu não acredite chegar a tal ponto (queira Deus que não) tenho medo por vezes também da solidão.
Certa vez num seminário da faculdade em que eu fui sozinha e sentei num dos últimos bancos como de costume, vendo "amigas" tirando fotos, uma pessoa me cumprimento (sabia meu nome) peguei uma caneta e escrevi no bloquinho esses versos:
Eu sei que alguém conhece todo mundo,
quando esse alguém também me conhece,
Sou pouco conhecivel,
é preciso escavar
Abaixo da camada dos populares;
camada dos engraçados;
camada dos esquisitos;
pouco acima dos que já foram,
à margem do esquecimento.
É lá que eu estou,
entre pilhas de poesias ruins,
de crônicas que só eu entendo,
de músicas que ninguém gosta,
Ilustríssima desconhecida
Olhar pedinte,
voz tranquia,
passos inseguros,
postura curvada
Nem vista...nem lembrada!